Porque devemos evitar alimentos altamente processados?

Já te deparaste com recomendação de evitar os alimentos altamente processados, mas ficaste sem perceber a razão por detrás desta sugestão?

Vamos abordar este tema e esclarecer alguns conceitos.

Os alimentos e bebidas altamente processados são, hoje em dia, muito comuns na alimentação da população. O seu fácil acesso e baixo custo facilitam e reforçam a sua introdução no dia a dia das pessoas.

Regra geral, quando falamos de alimentos altamente processados, falamos de produtos que tendem a ser densos energeticamente. Ou seja, fornecem um elevado número de calorias ⑴.

Além disso, estão associados ao desenvolvimento de doenças como a obesidade, a doenças cardiovasculares e a diabetes ⑵.

Estes fatores torna estes alimentos menos atraentes do ponto de vista da manutenção de uma rotina alimentar saudável.

Entende-se por processamento de alimentos toda a ação necessária para tornar o alimento apto para consumo. Por outro lado, existem técnicas que estão identificadas como prejudiciais à saúde. Como a hidrogenação parcial, usada na criação de óleos de cozinha.

Torna-se então importante definir o nível de processamento que o alimento sofreu e de que forma este pode impactar a saúde.

Tendo em conta o seu nível de processamento e segundo o sistema NOVA, os alimentos são classificados em 4 grupos diferentes ⑶:

• Não processados ou minimamente processados
• Ingredientes culinários processados
• Alimentos processados
• Alimentos altamente processados

Alimentos não processados ou minimamente processados

Fazem parte deste grupo os alimentos no seu estado natural e alimentos que sofreram um processamento simples sem adição de qualquer substância.

Por exemplo frutas, folhas, raízes, sementes, ovos, leite e vísceras.

Este tipo de alimentos sofrem processos para remoção das partes não comestíveis, para os tornar aptos para armazenamento, seguros ou mais agradáveis.

Ingredientes culinários processados

Aqui enquadram-se os ingredientes derivados dos alimentos do grupo anterior, ou da natureza, obtidas através de processamento.

Por exemplo óleo, manteiga, banha, açúcar, sal. 

Normalmente são consumidos em combinação com outros alimentos e não de forma isolada.

Quando consumidos de forma isolada, são nutricionalmente desequilibrados e, à exceção do sal, são densos energeticamente.

Alimentos processados

Alimentos criados através da adição dos ingredientes do grupo 2 (sal, açúcar, óleo) aos alimentos do grupo 1 (leite, carne, peixe). 

Neste caso, o processamento tem a intenção aumentar a durabilidade e melhorar as características dos alimentos do primeiro grupo.

Na maioria da vezes este grupo de alimentos mantem a identidade do produto que lhe deu origem, contudo, podem também tornar-se nutricionalmente desequilibrados, caso os ingredientes a eles adicionados sejam em excesso. 

Alimentos altamente processados ou ultraprocessados

São produtos obtidos através da mistura de vários ingredientes, alguns deles de uso apenas industrial, e com recurso a vários processos e técnicas. 

O produto final torna-se mais agradável através da adição de corantes, intensificadores de sabor, emulsionantes e outros aditivos.

Os processos e os ingredientes utilizados na criação destes alimentos tornam-os muito convenientes (prontos para consumo), muito saboros), e altamente rentáveis (ingredientes de baixo custo, longa vida de prateleira).

Imagem adaptada de: Chapter Three – Characterization of the Degree of Food Processing in Relation With Its Health Potential and Effects.

A relação entre o consumo dos alimentos altamente processados e o crescimento das doenças crónicas não transmissíveis tem sido alvo de estudo nos últimos anos.

Esta relação prende-se com 2 fatores⑷:

• o desequilíbrio nutricional
• o aumento do consumo e disponibilidade global⑷

O consumo destes alimentos afeta diretamente a saúde, devido ao seu pobre conteúdo nutricional, e indiretamente através da diminuição do consumo de alimentos naturais ou menos processados.

A recomendação de evitar o consumo destes alimentos surge no sentido de incentivar o consumo de refeições o mais naturais possível de forma a evitar a incidência dos efeitos negativos referidos anteriormente.